Projeto da UFPE promove formação de 168 professores indígenas Kapinawá
Coordenado pela professora Caroline Farias Leal Mendonça, do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE, o projeto de extensão “Ação Saberes Indígenas na Escola Kapinawá” tem como objetivo promover a formação continuada de 168 professores indígenas Kapinawá, visando aprimorar a prática pedagógica dentro de sua comunidade.
Organizado em 16 aldeias, cada uma com liderança própria, o povo Kapinawá hoje tem seu território no agreste pernambucano, municípios de Buíque e Tupanatinga, e sertão, município de Ibimirim. O projeto de extensão foi desenvolvido por todo o território, com cada encontro ocorrendo em uma escola diferente, a fim de envolver toda a comunidade educativa Kapinawá.
Iniciada em 2023 e com conclusão prevista para 2025, a iniciativa promoveu seminários e oficinas para a formação de professores que atuam na educação básica. As formações incluíram letramento em língua portuguesa e etnomatemática, integrando as disciplinas aos saberes tradicionais do povo Kapinawá.
Após consultas com as lideranças Kapinawá, foram definidos como eixos pedagógicos para o projeto: o Toré, manifestação religiosa e espiritual a partir de danças e cantos; a importância do sítio arqueológico situado no território indígena; e a cultura material e simbólica, que aborda a valorização dos valores e saberes tradicionais.
O projeto também colaborou com os educadores para a produção de material didático e sistematização da experiência, visando expandir a iniciativa para outros povos indígenas em Pernambuco. Como forma de incentivo à participação, esses profissionais foram beneficiados com uma bolsa de estudos paga pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
A ação faz parte do Programa Saberes Indígenas nas Escolas, do Ministério da Educação (MEC), que apoia a formação continuada de professores indígenas. O projeto de extensão busca preencher uma lacuna de formação profissional em valorização à diversidade sociocultural, linguística, autonomia e protagonismo Kapinawá.
Em 1999, o território contava com três escolas de ensino fundamental multisseriadas, nas quais atuavam 14 professores. Desde então, como fruto das reivindicações da comunidade Kapinawá e com o apoio de políticas públicas do MEC, a região expandiu o número de instituições, aumentou em 12 vezes a quantidade de profissionais e implementou o ensino médio. Além disso, o investimento na educação indígena resultou, no ano de 2022, na implementação da Licenciatura Intercultural Indígena como curso de graduação regular no CAA/UFPE.
O impacto social do projeto, além da qualificação de professores, compreende a melhoria na aprendizagem e fortalecimento da identidade étnica Kapinawá. A professora Caroline Leal afirma que, após as ações do projeto, os educadores contemplados puderam desenvolver plenamente processos de ensino e aprendizagem utilizando referenciais culturais do território, assim promovendo um currículo escolar intercultural e inclusivo.

