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Farmácia Escola da UFPE realiza testagens para ISTs em celebração ao Dezembro Vermelho

Nesta quarta-feira (13/12/2023), com o apoio da Prefeitura do Recife, a Farmácia Escola da Universidade Federal de Pernambuco realizou testagens rápidas para Hepatite C, Hepatite B, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Sífilis. A ação aconteceu em celebração ao Dezembro Vermelho – mês dedicado à campanha de prevenção e tratamento precoce do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

As ISTs podem ser causadas por microrganismos como bactérias e vírus. Apesar de serem transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual sem a proteção adequada, também é possível que sejam passadas para crianças durante a gestação, parto e amamentação. A transmissão pode ainda acontecer através do compartilhamento de seringas ou do uso de instrumentos perfurantes contaminados.

Para a farmacêutica Ellen Trindade, as maiores dificuldades em relação ao combate às ISTs não são biológicas, mas sociais. Embora haja tratamentos que garantam uma vida normal aos que testam positivo, Trindade acredita que a população enxerga esse assunto como algo vergonhoso. Esse desconforto, muitas vezes, inibe a procura por testes. O constrangimento também influi na pouca divulgação da campanha, que ainda não alcançou a mesma popularidade dos meses voltados ao câncer de mama e de próstata.

Na ação, além da oferta de testes, foram distribuídos preservativos internos e externos, e panfletos informativos sobre as ISTs, conscientizando a população acerca do combate ao preconceito enfrentado pelas pessoas infectadas.

Aqueles que receberam um resultado positivo para alguma das infecções foram encaminhados ao serviço público de saúde, que realiza tratamentos gratuitos e acessíveis a toda a população. É crucial procurar assistência médica, uma vez que ela pode interromper a cadeia de transmissão das ISTs e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Caso contrário, além da possibilidade de transmitir à outras pessoas, as infecções podem provocar graves complicações à saúde e, inclusive, levar a óbito.

Os sintomas das ISTs podem surgir em diversas partes do corpo, ainda que as mais comuns sejam nos órgãos genitais. É possível que se manifestem através de corrimentos, dor pélvica, ínguas, ardência ao urinar, verrugas e feridas. Entretanto, vale destacar que os casos de ISTs podem ser assintomáticos, o que eleva a importância das testagens.

Sobre o HIV:

Avanços científicos permitem que pessoas que vivem com o vírus do HIV tenham uma vida normal. Seu tratamento com medicamentos antirretrovirais (antigamente conhecidos como “coquetel”) poupa o sistema imunológico e evita que o indivíduo desenvolva a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Para que isso seja possível, o diagnóstico precoce é crucial. Todavia, segundo dados do Ministério da Saúde, dos 1 milhão de brasileiros que portam o vírus, pelo menos 100 mil ainda não sabem da sua condição.

De acordo com o Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS, dos 43.403 novos casos identificados no país durante o último ano, 5,61% são pernambucanos. O estado possui 15,9 casos da infecção por 100 mil habitantes, enquanto Recife apresenta a média de 32,2. A capital registrou uma taxa de mortalidade relacionada ao HIV de 10,5 para cada 100 mil habitantes. O número é mais que o dobro da média nacional de 4,1.

Além do uso de preservativos, uma das formas de prevenir a infecção por HIV é a partir da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que consiste na tomada de tenofovir e emtricitabina antes de potenciais exposições ao vírus. A PrEP pode ser feita de forma diária – com a ingestão contínua dos medicamentos – e sob demanda, indicada para aqueles que conseguem planejar suas relações sexuais com antecedencia. Quem exerce a PrEP é acompanhado de forma regular no sistema de saúde e deve realizar testagens periódicas para o HIV e outras ISTs.

Existe ainda a alternativa da Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que possui um caráter emergencial. Ela consiste no uso de antirretrovirais após contato potencial com o HIV em situações como acidentes com instrumentos perfurantes, relação sexual desprotegida e violência sexual. A PEP deve ser iniciada em até 72h após a exposição e seu tratamento dura 28 dias.

Pernambuco enfrenta aumento de casos de Sífilis:

A sífilis é uma IST curável, normalmente transmitida através de relações sexuais desprotegidas, mas também durante a gestação e o parto. Ela pode apresentar estágios clínicos diversos. Na sífilis primária, é comum o aparecimento de feridas no local de entrada da bactéria entre 10 e 90 dias após o contágio. Geralmente não há ardência, dor, coceira ou presença de pus e essa ferida tende a desaparecer sozinha.

Já na secundária, os sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses desde a ferida inicial. A pessoa infectada pode manifestar manchas corporais com forte presença de bactérias, febre e dores de cabeça. As lesões também desaparecem por conta própria. A forma mais grave da infecção, a sífilis terciária, se não tratada adequadamente costuma apresentar lesões ósseas, cardiovasculares, neurológicas e cutâneas, com risco de morte. Ela pode aparecer entre um e 40 anos após o início da infecção.

Em Pernambuco, desde 2018 o número de diagnósticos desta IST têm aumentado, com uma baixa significativa em 2020 – possivelmente causada pela Pandemia da Covid-19 -. Em 2018 foram contabilizados 7.756 casos de Sífilis Adquirida, seguidos por: 8.473 em 2019; 4.676 em 2020; 7.730 em 2021; e 8.530 em 2022. Em gestantes, ocorreram 4.265 casos no ano passado.

Como os sintomas da infecção por sífilis aparecem e desaparecem constantemente, criando uma falsa percepção de cura, muitas pessoas continuam a carregá-la no organismo por um longo período de tempo, facilitando a transmissão e danos à sua própria saúde.

A testagem periódica para sífilis é a única maneira de assegurar um tratamento eficaz. Conforme o Ministério da Saúde, a principal forma de combate à bactéria é a partir da aplicação de penicilina benzatina (benzetacil), que pode ser feita nas Unidades Básicas de Saúde. Esse medicamento também previne a transmissão vertical da gestante para o bebê, evitando parto prematuro, surdez, cegueira, alterações ósseas, má formação e a morte precoce da criança.

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