Projeto da UFPE propõe soluções inovadoras para analisar crustáceos microscópicos
A UFPE, em parceria com a Petrobras, com apoio administrativo da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE (Fade-UFPE), está desenvolvendo o Projeto “Soluções Inovadoras para Análise de Ostracodes Não-Marinhos”. Coordenado pela professora Enelise Katia Piovesan, do departamento de Geologia da UFPE, o trabalho visa desenvolver novas técnicas de análise, organização e identificação de espécies de ostracodes, a fim de elaborar um banco de dados digital próprio para a empresa.
Os ostracodes são crustáceos microscópicos existentes na Terra há aproximadamente 440 milhões de anos. Por apresentarem um alto potencial de fossilização e possuírem mecanismos que facilitam o transporte a longas distâncias, são instrumentos valiosos para diversas aplicações, incluindo estudos nos ramos da biologia, história, química e geologia.
Por aparecerem em grande abundância nos ambientes aquáticos continentais, os ostracodes são ferramentas importantes dentro da estratigrafia biológica — ramo da geologia que analisa a formação e composição das camadas rochosas da Terra, relacionando-as aos conjuntos fósseis presentes nelas. Na indústria petrolífera, esse tipo de estudo auxilia na datação das rochas e na identificação de potenciais reservatórios de petróleo.
Por meio da observação dos ostracodes não-marinhos, a iniciativa busca refinar técnicas de análise de microfósseis utilizadas pela indústria. Uma dessas técnicas é o uso de estereomicroscópios, dispositivos destinados à observação com baixa ampliação. O trabalho também visa aprimorar as técnicas de imageamento atuais a partir do uso do dispositivo Zeiss Lightsheet, um microscópio de alta potência.
Iniciado em dezembro de 2023, o projeto atualmente se encontra na fase referente à captação de imagens de microfósseis, pertencentes ao acervo físico da Petrobras, com o intuito de criar um acervo digital com ilustrações em alta resolução.
“É importante ressaltar que a aplicação de técnicas inovadoras de imageamento não-invasivo voltadas para pesquisas micropaleontológicas superam as limitações impostas pelo tamanho dos microfósseis e pelo rigor necessário na sua manipulação. Essas inovações promovem o avanço das pesquisas ao mesmo tempo em que preservam a integridade dos fósseis e das coleções.”, afirmou a Professora Enelise Piovesan.
A coordenadora do projeto também pontuou a necessidade de que mais especialistas, a exemplo de geólogos e taxonomistas, realizem estudos que possam contribuir para o desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria petrolífera.
Com duração prevista até dezembro de 2026, o projeto deverá resultar em amplos benefícios para a economia nacional, uma vez que o estudo dos ostracodes não-marinhos e do ambiente onde os microfósseis são encontrados está diretamente relacionado à identificação de novos reservatórios de petróleo no território brasileiro.