Projeto da UFPE analisa o estado do conhecimento sobre as Mudanças Climáticas no Brasil

O projeto “Análises Sobre o Estado do Conhecimento das Mudanças Climáticas no Brasil – Rede Clima” é um projeto de pesquisa executado pelo Departamento de Oceanografia, do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) da UFPE, em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Coordenado pelo Professor Moacyr Cunha de Araújo Filho, atual Vice-Reitor da Universidade, o projeto tem como objetivo geral subsidiar a Rede Brasileira sobre Mudanças Climáticas Globais – Rede Clima, cujo propósito principal é impulsionar a geração de conhecimento e o avanço científico e tecnológico na área de mudança climática no território nacional.

No Brasil, entre os anos de 1940 e 2016, foram registrados 59.366 desastres naturais, sendo 29,6% hidrológicos, como enxurradas. Anualmente, esses desastres causam grandes danos à população, com destaque às vulneráveis, que comumente habitam áreas de risco. Além das perdas humanas decorrentes de deslizamentos, por exemplo, esses eventos geram elevados prejuízos econômicos.

As zonas costeiras se mostram ainda mais sensíveis às mudanças do clima, devido à maior proximidade com o oceano, o que as torna mais susceptíveis às variações de nível do mar e à ocorrência de fenômenos meteorológicos extremos. A elevação do nível do mar, as mudanças na temperatura oceânica e a ocorrência de tempestades expõe as cidades das costas a um maior risco de desastres, exigindo um planejamento que as priorize.

Apesar disso, o Brasil ainda não possui um estudo integrado acerca da vulnerabilidade das cidades costeiras em relação aos impactos das mudanças climáticas, especialmente em relação ao mar, justificando-se assim a grande relevância do presente projeto.

“Nós sabemos, por exemplo, a partir do sexto relatório de avaliação do Intergovernmental Panel on Climate Change que, os países em vulnerabilidade, nos últimos 15 à 20 anos, tiveram uma quantidade de pessoas, que faleceram em função dos eventos climáticos, 15 vezes maiores do que os países com infraestrutura mais resiliente, os países mais ricos. Ou seja, nós precisamos, cada vez mais, aprimorar nossa capacidade de prever esses eventos e de fortalecer a resiliência de nossas cidades”, comentou o coordenador do projeto.

A colaboração do CEMADEN, como órgão governamental encarregado da previsão de desastres naturais no Brasil, se mostra crucial para o desenvolvimento desta iniciativa. Isso se justifica pela necessidade de realização de ações que fomentem a coleta de dados, monitoramento contínuo e gestão integrada de pesquisas para lidar com os possíveis impactos das mudanças climáticas em situação de alta vulnerabilidade.

Por outro lado, o projeto também pretende prover força de trabalho para contribuir com conhecimentos que permitam, ao CEMADEN, cumprir a tarefa de monitoramento e emissão de alertas de desastres naturais, utilizando tecnologias modernas, com confiabilidade e eficácia. A iniciativa também busca:

• Integrar atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre a mudança climáticas, seus impactos, ações de adaptação, e mitigação de danos;
• Apoiar o Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas, contribuindo para a integração de evidências científicas na produção, implementação e acompanhamento de políticas públicas sobre mudança do clima, identificando lacunas de conhecimento, dados e tecnologias;
• Contribuir para a criação, implementação e atualização de plataformas de gestão de projeções climáticas, emissões de gases de efeito estufa, e impactos de mudança do clima;
• Colaborar com os processos de elaboração e revisão de documentos tratados por órgãos intergovernamentais no tocante ao tema;
• Auxiliar na definição de estratégias e iniciativas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações relacionadas no alcance das metas previstas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com maior atenção para o ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima;
• Promover a conscientização pública e divulgação científica relacionadas à mudança do clima, suas causas, consequências e possíveis opções de redução de danos.

O projeto impacta significativamente nas esferas social, econômica e ambiental de Pernambuco, contribuindo para a previsão e minimização dos efeitos de desastres climáticos, reduzindo perdas humanas e danos financeiros causados por esses eventos, também promovendo a sustentabilidade ambiental. Ele também prevê o apoio à Coordenação Científica da Rede Clima e dos grupos de trabalho, a manutenção de um portal na Internet para divulgação das atividades e dos produtos gerados pela Rede Clima (https://redeclima.cemaden.gov.br/), e a elaboração de um relatório anual de atividades da Rede Clima para documentar os resultados alcançados pela equipe.

De acordo com o coordenador do projeto, existe previsão para prorrogação do trabalho. Isso se dá em virtude do crescimento da necessidade de redução da vulnerabilidade das cidades nordestinas quanto à ocorrência de eventos extremos, visto que o projeto tem observado não só o aumento mas, também, a aceleração das mudanças do clima. Dessa forma, se amplia a necessidade de uma maior produção de conhecimento científico em ordem da criação de respostas apropriadas para os desafios climáticos.