Projetos

Conheça o Projeto de Reuso de Águas em Moradias Populares

A professora da UFPE, Sávia Gavazza, realizou um projeto de pesquisa intitulado por “Reuso de águas cinzas e aproveitamento de águas pluviais como instrumentos de sustentabilidade para melhoria da qualidade de vida em moradias populares”, por meio do financiamento da Viana & Moura Construções com o apoio da startup PluVi, e parceria da Fade.

No começo de 2023, o JC publicou uma matéria afirmando que grande parte da população pernambucana enfrenta os efeitos da escassez hídrica no estado. Podemos observar essa informação principalmente no interior de Pernambuco, com destaque para o Agreste do estado. O déficit na disponibilização de água se refere tanto à quantidade, como à qualidade dos recursos hídricos. Desse modo, a pesquisa em evidência teve por objetivo propor inovações em saneamento a fim de nortear a política habitacional nacional em residências populares, de maneira sustentável e que garanta a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Uma das soluções utilizadas para o enfrentamento da crise hídrica é o aproveitamento da água de chuva para consumo humano e o tratamento das águas cinzas e negras, medida adotada pelo projeto da professora Sávia Gavazza. Para melhor compreensão da distinção dessas águas, aponta-se que as águas cinzas se referem ao tipo de resíduo do ambiente doméstico proveniente das águas utilizadas na lavagem de roupas, pias de banheiro e chuveiros. Por outro lado, as águas negras são representadas por águas contendo contaminantes orgânicos em maior concentração, como os efluentes de vasos sanitários. Dessa forma, a pesquisa optou por realizar a separação dos resíduos a partir do tratamento e do reuso em descargas das águas cinzas tratadas, ampliando o acesso à água – nesse caso para fins não potáveis.

Tendo a perspectiva de colocar Pernambuco na vanguarda do desenvolvimento de habitações populares sustentáveis, o estudo trouxe um modelo de residencial popular do Minha Casa Minha Vida, adotando tecnologias que proporcionam o aproveitamento de água. Isso foi possível a partir da utilização das águas de chuvas nessas residências e do reuso das águas cinzas. Para tal fim, uma das ferramentas utilizadas foi o DesviUFPE, um dispositivo automático confeccionado em tubos de PVC que possui um mecanismo bastante simples. O DesviUFPE permite o desvio das primeiras chuvas no início de eventos de precipitação, possibilitando o descarte de maneira eficaz sem comprometer a qualidade da água destinada às cisternas.

O Reuso de Águas em Moradias Populares foi voltado para a ampliação do acesso à água em Caruaru, cidade marcada pela escassez hídrica. Assim, o grupo de pesquisa da UFPE se dedicou a desenvolver tecnologias simples e com baixo custo. Essas medidas trouxeram soluções que melhoraram as condições de saneamento e saúde da população. Paralelamente, a Viana & Moura Construções, por ter a cultura da cooperação e a missão de contribuir com a felicidade das pessoas, entregando vilas encantadoras e sustentáveis, financiou a iniciativa por desenvolver construções acessíveis às populações carentes. “A experiência da UFPE somada ao conhecimento técnico da nossa equipe gerou um impacto positivo ofertando água com qualidade para as pessoas”, pontuou Whilma Lacerda, Gerente de Sustentabilidade da Viana & Moura.

A partir dessas atuações, foi inserido na cidade de Caruaru um sistema de reaproveitamento de água de chuva, com fins potáveis em residências de empreendimento popular; houve uma adequação das instalações hidrossanitárias para reaproveitamento de águas cinzas – um sistema de tratamento de águas cinzas foi implantado para a produção de água e do seu reuso, com fins não potáveis. Dessa maneira, tendo sido avaliado o impacto econômico e social da adoção dessas tecnologias na região, verificou-se a efetivação do suprimento de água para fins potáveis e não potáveis em empreendimentos populares.

Nota-se, que a execução da pesquisa estabeleceu um novo modelo projetual e construtivo para empreendimentos residenciais populares. Seguindo o cumprimento das necessidades ambientais e as tendências das novas legislações, o processo foi dividido em 5 etapas: a instalação de calhas nas laterais das residências, com a função de captar a água da chuva; o direcionamento dessa água (DesviUFPE), funcionando como uma barreira sanitária; a realização da ligação da água a uma cisterna; depois o sistema enche a cisterna, permitindo que apenas a água limpa seja destinada e, por último, a academia realiza análises da água para que o consumidor tenha a garantia da sua potabilidade.

Assim, compreende-se que o projeto do “Reuso de águas cinza e aproveitamento de águas pluviais como instrumentos de sustentabilidade para melhoria da qualidade de vida em moradias populares” foi uma importante iniciativa por viabilizar segurança hídrica e reduzir as despesas dos moradores com a compra de água através de caminhão pipa. Implantando técnicas sustentáveis do reuso de água para fins não potáveis, estabeleceu também o modelo projetual de ETE residencial para reuso de águas cinzas. Com isso, melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas, permitiu a democratização da água potável, e consequentemente, diminuiu a possibilidade do surgimento de doenças de veiculação hídrica.

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