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Projeto Horta Inclusiva promove participação de pessoas com deficiência na agricultura

O Projeto Horta Inclusiva é uma iniciativa de extensão coordenada pelo professor René Duarte, vinculado ao Núcleo de Saúde Coletiva do Centro Acadêmico do Agreste (CAV) da UFPE. O projeto visa a inclusão laboral de pessoas com deficiência (PCDs) no setor agrícola, por meio de um programa focado no desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas ao cultivo de espécies vegetais.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.

A afirmação implica que o maior desafio para a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade não diz respeito às suas capacidades, mas sim aos obstáculos e falta de oportunidades que enfrentam diariamente.

A desigualdade experienciada por pessoas com deficiência ainda é uma realidade evidente no mercado de trabalho brasileiro. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 mostram que, entre os brasileiros com deficiência que possuíam alguma ocupação, 49,8% trabalhavam de maneira informal, sem carteira assinada ou garantias trabalhistas.

O levantamento também revelou uma diferença preocupante nos rendimentos, com os trabalhadores com deficiência atuantes no setor agropecuário recebendo cerca de R$1.000 a menos que os demais profissionais. Os números reforçam a persistência de barreiras na inclusão e na valorização de pessoas com deficiência no mundo do trabalho, especialmente em áreas historicamente marcadas pela informalidade e pela desigualdade de oportunidades.

Assim, o projeto Horta Inclusiva se propôs a trazer oportunidades de inserção profissional e empoderamento de indivíduos com deficiência, colaborando para a reversão desse cenário de desigualdades.

A iniciativa está sendo realizada nos municípios de Pombos, Gravatá e Vitória de Santo Antão, com a instalação de hortas interativas e promoção de capacitações para pessoas com deficiência de diferentes faixas etárias, de forma a promover discussões sobre inclusão em vários níveis de formação educacional.

Desde o ano de 2024, o projeto tem promovido oficinas sobre capacitismo, cultivo de plantas, beneficiamento de espécies vegetais, produção de adubo, saboaria artesanal e alimentação afetiva, além de outros temas relevantes para o empoderamento, desenvolvimento profissional e reflexão sobre a qualidade de vida de PCDs.

O projeto também formou parcerias com escolas, creches e instituições de apoio a crianças e adolescentes com deficiência nos três municípios contemplados. Dessa forma, têm sido promovidas visitas técnicas e vivências didáticas para alunos PCDs e não-PCDs, com atividades como jardim sensorial, tapete podotátil e cultivo em canteiros.

O Professor René Duarte explica que a realização de atividades com crianças e adolescentes possibilitou a inclusão e empoderamento das cuidadoras, em sua maioria mulheres, que muitas vezes são invisibilizadas no processo de cuidar de seus dependentes com deficiência.

“O projeto integra pessoas com deficiência a atividades que muitas vezes lhes são negadas por serem consideradas perigosas ou desinteressantes para elas. Na prática, observamos que esses indivíduos, principalmente crianças e adolescentes, tiveram interesse e se envolveram muito nas oficinas e visitas técnicas.”, afirmou o coordenador da iniciativa.

Em seu perfil no Instagram (@hortasinclusivas), a equipe do projeto compartilha ativamente seu cotidiano, com fotos e vídeos de suas oficinas, divulgação de eventos e publicações colaborativas com outros projetos, assim incitando debates sobre a inclusão de PCDs e inspirando a realização de outras iniciativas semelhantes.

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