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Césio-137: Acidente em Goiânia completa 36 anos

13 de setembro de 1987, esse foi o dia que aconteceu o maior acidente radioativo da história do Brasil – e um dos piores do mundo. O desastre ocorrido em Goiânia começou por causa de um descarte inadequado de um aparelho de radioterapia abandonado. A violação da cápsula de chumbo, contendo um pó azulado que emitia radiação, o césio-137, provocou o acidente que envolveu, direta e indiretamente, diversas pessoas. No total, foram monitorados mais de 110 mil indivíduos, 249 tiveram uma contaminação significativa.

Por causa da radiação, pessoas tiveram que deixar as suas casas e outras chegaram a perder as suas vidas. Assim, desde aquele setembro, em que a população de Goiânia foi fortemente impactada pelo acidente com o césio-137, pesquisadores de vários lugares do mundo buscam compreender a dimensão da tragédia e produzir conhecimento para direcionar a ação do poder público e da sociedade em desastres como esse. Nota-se, com isso, a extrema importância dos estudos sobre a radioatividade, principalmente para evitar que acidentes como o de 36 anos atrás, possam vir a acontecer novamente.

O Departamento de Energia Nuclear (DEN), da UFPE, tem o objetivo de desenvolver atividades que apoiam o ensino, a pesquisa e extensão na área nuclear. Nele funciona o Laboratório de Proteção Radiológica (LPR), um espaço que atua nas áreas de monitoração individual, levantamentos radiométricos, análise de radiação em alimentos, projetos de blindagem com assessoria às Vigilâncias Sanitárias de PE, BA, CE, PB e RN, e no setor de proteção radiológica, sendo o primeiro e atualmente o único laboratório do país acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (Cgcre) na área de monitoração pessoal de radiações ionizantes.

Em relação a monitoração pessoal, o controle das doses de radiação recebidas pelos usuários de radiação ionizantes, desde a década de 70, é executado pelo LPR-DEN/UFPE, inicialmente por meio da técnica de dosimetria fotográfica e, desde 2018, pela técnica de dosimetria opticamente estimulada. O serviço realiza cerca de 108 mil ensaios por ano, atendendo a demanda de quase todos os estados do Norte e Nordeste, se ampliando cada vez mais para atingir uma dimensão nacional. A monitoração individual externa é certificada pelo LNMRI/IRD, de acordo com os requisitos estabelecidos na Portaria DRS/CNEN 01.95.

Além disso, o LPR realiza tanto o controle de qualidade dos equipamentos como os levantamentos radiométricos da blindagem das salas de acordo com as demandas das instalações industriais que utilizam fontes seladas ou raios-X industriais, instalações de medicina nuclear, consultórios médicos ou odontológicos que apresentam equipamentos de raios-X periapical, raios-X diagnóstico, mamógrafos, densitômetros, tomógrafos, equipamentos fluoroscópicos, hemodinâmicas. Por determinação da Vigilância Sanitária ou da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), sendo considerado um pré-requisito para conceder a renovação do alvará de funcionamento das instalações.

Os levantamentos radiométricos da blindagem das salas consiste na medição das taxas de exposição nas áreas circunvizinhas à sala do equipamento emissor de radiação ionizante. Após o processo da inspeção, emite-se um relatório com prazo de validade de 4 anos, exceto quando ocorre a mudança de equipamento ou este é transferido para outra sala. Por sua vez, o Controle de Qualidade dos equipamentos consiste na avaliação de vários parâmetros de operação (tensão do tubo, tempos de exposição, colimação etc.) para verificação da adequação desses parâmetros em relação à critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, evitando exposições contendo doses desnecessárias de radiação aos pacientes. Dessa forma, o LPR trabalha na missão de proteger pacientes e trabalhadores que fazem uso da radiação ionizante e contribuir para a controle das doses e a redução do risco de efeitos biológicos das radiações tais como o câncer, catarata, eritemas e tantas outras.

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